organizamos sua biblioteca

Notei que livros que ficam dentro de caixinhas, sabe aqueles que a edição é uma caixinha com o livro dentro, as vezes dois ou tres exemplares da coleção dentro de uma caixinha de acrilico ou papelão bem justinha, bom, estes livros ficam intáctos depois muito tempo (eu já vi varios amiguinhos quarentoes como eu e novinhos em folha). Isto me faz pensar em algumas lendas e crendices que nós reproduzimos sem conferir. Da a impressão que livros dentro de caixinhas vão mofar rápido ou que livros dentro de caixinhas plasticas vão ser contaminados pela quimica do plástico. Na verdade, o que sinto por experiência, e não por constatação científica, é que o que envelhece e amarela o livro é o contato com o pó e com os organismos que se acumulam no papel para se alimentar do pó. A umidade acelera a decomposição de tudo pois a água é um ótimo veículo para qualquer microorganismo e também um catalizador importante para reaçoes quimicas. Umidade com poeira é amarelantemente uma combinação maravilhosa para a deterioração rapida do livro. Quanto a encapar livros, quando são seus acho que você tem que avaliar o estado do livro e para quem voce os esta encapando. Se for para você e você for durar uns 80 anos mais(eu já não duro tudo isto…120 anos, ninguém merece) voce ainda tem que notar um outro fator que é se há grana disponivel para fazer o trabalho profissionalmente. Acabo de mandar 4 livros de uma coleção para encapar. como são livros e um acervo particular de um cliente rico que me paga muito bem para cuidar de seus livros ele não vai se incomodar de pagar 55 reais por uma capa simples em percalux. Se tivesse que costurar ou restaurar alguma pagina seria muito mais caro. as vezes com o preço de uma encadernação profissional você poderia comprar outro exemplar novo se for livro recente. Agora, devo confessar um pecado. ganhei um livro bem acabadinho, do alexandre dumas.O colar de veludo é o nome do romance, muito bom por sinal. Li o livro no estado em que estava mesmo. Quando constatei que era uma obra maravilhosa e que tinha seus 50 anos de idade(a edição) dai, pobre que sou, resolvi salvar o velhinho. Em meus primeiros anos de biblioteconomia nem pensei em acido, não ácido e estas coisas que aprendemos depois(alias aqui aprendemos com uma profa. Maravilhosa, a Johana smith da ECA/USP) eu fiz o seguinte. Tinha folhas soltas? sim, então juntei todas as folhas e (pecado) furei em varios pontos do bloco, como se fosse um caderno. Furei é claro com uma broca bem fininha. Passei para lá e para cá, em zigue e zague linha de pescar fininha e depois amarrei com vários nosinhos e queimei a ponta antes de enfiar no ultimo furinho para que desaparessece. Bloco todo durinho e composto, passei cola de madeira na lombada. Eu tinha uma capa de imitação de couro de uma agenda desativada. Ajustei a capa ao tamanho do livro. Colei uma folha de sufite a mais no bloco para fixar nela a capa e, mandei bala, colei a capa. Ficou lindão. Mas fiz para mim. Gastei um bom tempo fazendo o melhor que consegui sem um curso de restauração que alias é bem caro. Acho que ele dura mais uns cem anos, mas não tenho muita certeza disto justamente porque me assustaram com a historia dos ácidos daqui e das migrações de quimicas de lá…

espero Tê-los confundido.
como diria Tom Zé.
Pois a confusão gera a duvida e a duvida gera a busca e esta ultima gera o conhecimento.